A bela e a fera

arte de Mateus Rios, para adaptação realizada por Susana Ventura
domingo, 1 de novembro de 2015
Um trabalho tão delicado
Escrever para crianças e jovens é um trabalho delicado. Eu tenho este ofício: escrevo para pessoas que não conheço e que estão no começo de suas vidas. Eu espero que essas vidas sejam tão longas e felizes quanto possível.
Mas escrevo sabendo que serão vidas difíceis, porque toda vida humana é difícil.
Preciso falar com essas pessoas agora, quando a trajetória delas apenas começa. Não me permito mentir, mas devo ser prudente: é preciso ser verdadeira, mas ser delicada e, acima de tudo, não retirar-lhes a esperança, nunca.
No meu projeto de escrita entra também o humor, porque o humor alivia e ajuda.
E, sobretudo, entra algo que considero essencial: a prática do respeito.
Não sei quem me lerá e o que pode já ter acontecido naquela (ainda) curta existência. Embora a torcida seja para que a maior parte das experiências tenha sido boa até o momento em que abrir o meu livro, eu sei que pode não ter sido assim.
Exerço, assim, o respeito, mas acredito no sonho e digo em quase todas as obras algo que posso escrever sem risco de faltar com a verdade: a vida é incrível e as possibilidades são imensas (qualquer que tenha sido o começo, qualquer que seja a circunstância: onde há vida há esperança, mistério e chances de mudança).
Um trabalho tão delicado quanto necessário, e que faço em silêncio, torcendo para que o resultado possa alimentar a esperança e plantar uma semente que vire árvore, que dê em sombra e frutas para acolher e ajudar nos momentos difíceis.
Ao meu lado está uma equipe de valentes, em várias casas editoriais e também em ateliês, livrarias de rua, escolas de vários portes, bibliotecas. Todos estamos lutando e conscientes da importância do nosso trabalho. A pergunta do dia é: até quando resistiremos diante de realidade tão dura?
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