A bela e a fera

A bela e a fera
arte de Mateus Rios, para adaptação realizada por Susana Ventura

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Mistério...

- Temos feiticeira? Sim, sim, temos. - Dragão, temos? Sim, de 3 cabeças, 6 ou 9, pode escolher. Ah, temos um ogro também: gosta de cafuné e tem 3 cabeças. - Não. Esquece o ogro! Ok, esqueço o ogro... - Temos unicórnio? Ih, amiga, unicórnio não temos. É problema? - Não, mas como estamos de objetos mágicos? Temos alguns, preciso verificar. - Então, tudo bem, a gente dá um jeito com uma bota mágica... Bota mágica? Não temos não, temos caixa mágica, serve? - Serve... aliás, ela faz o que mesmo? (Conversa de escritoras no dia da mulher. Um bolinho de chocolate para quem descobrir a identidade das duas)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Eu vou de táxi

Eu vou de táxi... (Fim do evento no Museu do Fado. Táxi para passar em casa, pegar a mala e rumar para o aeroporto de Lisboa. O rádio fala da ventania que vem da Espanha e ameaça fechar tudo... ) - Ai, minha senhora, de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos, já dizia minha avó...e eu me pergunto o motivo. Vai ver alguma princesa que se casou com príncipe de lá e não foi feliz. Aquela gente... (Indo de Pinheiros para Congonhas, o taxista freia na primeira esquina e encosta junto da calçada) - Aeroporto, a senhora disse? Então vamos voltar e pegar a mala. A senhora parece mesmo muito cansada e não dá para viajar só com essa bolsa, não é? Esqueceu a mala, mas não se preocupe: isso é normal... (Mesma noite, chegando ao aeroporto da cidade desconhecida perto da meia noite. Só com aquela bolsa mesmo. O simpático taxista me espera com uma plaquinha na mão. Leio meu nome e aceno. Vinte minutos de viagem até o hotel indicado pelos organizadores da Feira e...) - Susana, assine aqui o boleto. Pronto. Vou lá com você ver se está tudo certo com a reserva. [Protesto!] - Precisa sim, imagina se eu deixo você aqui sozinha e a reserva não está feita E por favor, amanhã não fique andando por aí sozinha. Qualquer problema me telefone, não se acanhe, eu já vi que você não consegue fazer nada sozinha! (Novamente táxi para ir de Pinheiros para o aeroporto de Congonhas) - Se importa de me dizer o nome do seu perfume? Eu vou comprar para a minha mulher. Eu nem sei como me casei com ela porque não acredito no amor . Mas adorei o seu perfume. (Feira literária looonge e o responsável pelo transporte dos escritores, depois de dois dias me ‘transportando’) - D. Susana, pelo amor de Deus como é que ontem à tarde a senhora fugiu de nós e foi tomar ÔNIBUS? Não faça mais isso! Estou com o seu celular aqui e eu vou monitorá-la! Não é porque eu lhe dei o mapa que a senhora pediu que a senhora deva sair por aí como se morasse aqui! A senhora precisa tomar consciência de que é frágil. [Eu sou só espanto e vejo os olhos do interlocutor se encherem de lágrimas de repente] - A gente olha assim para uma pessoa boa como a senhora e se pergunta: que tragédia terá acontecido na vida desta pobre mulher para andar assim sozinha pelo mundo, sem uma ALMA VIVA que a acompanhe? Mas enquanto estiver aqui nós cuidaremos da senhora! (Lisboa, indo do Alto de São João para a Faculdade de Letras) - A senhora gosta de fado? Eu sou fadista. [Digo o lugar que frequento aos sábados] Não posso crer! Eu canto lá aos domingos! Mas cá está o número do meu telemóvel: me avise se vai neste sábado, que passo por lá para cantar um fadinho para a senhora. Aliás, canto um já agora mesmo...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Bilhete - e ele está fazendo um ano...

Faz tempo. 1o. ano do primário. A barafunda de crianças divididas aleatoriamente formava blocos no enorme pátio, que, apesar de sua dimensão, não comportava todas. Filas se espalhavam pelos arredores, desciam rampas, subiam um morrinho de terra batida, desciam de novo pelo cimento, avançavam até o portão da escola. Finalmente entramos para as salas. Primeiros dias de fevereiro: exercícios motores numas apostilas. Aí veio o ‘remanejamento’, após análise do ‘nível’ dos alunos. Classes A, B, C, D, E... até F, G, dependendo da demanda do ano. A,B e C, as classes dos mais ‘espertinhos’, que até aquela fase eram os que tinham mão ‘molinha’ e ‘acertavam’ os tais exercícios motores com melhor exatidão. Entre 40 e 50 crianças em cada sala, uma professora apenas e o grande desafio: ensinar a ler e escrever até setembro, época de receber o Primeiro Livro. Para mim, 1o. ano D antes do remanejamento, depois, 1o. ano A, fila nova acompanhando a professora sorteada para cuidar de nós. Minha professora tinha um nome lindo e eu estava pronta para gostar dela. Acho. ******* Há dois ou três anos me perguntaram sobre ela: - Lembro-me da voz e dos dedos do pé, de unhas sempre pintadas. Ela mudava muito de cor. As unhas cortadas redondinhas... O segundo dedo era muito maior que o primeiro. Ela usava sandálias sempre, mesmo no inverno. E veja bem, que fazia frio lá. ? - Não sei do rosto, não olhava para ela. ? - Dois anos, primeiro e segundo ano. Depois fui para outra escola, do outro lado da linha do trem. ? - Lembro-me também das saias dela – estava sempre de saia - e dos pés. Tem um motivo sim. Acho que tem. ******** A,E,I,O,U, tudo bem. Passamos às sílabas. Ba, be, bi, bo, bu. Ao final de cada jornada com as letras, ir até a mesa da professora ler a página da cartilha correspondente e, se nos saíssemos bem, o grande prêmio, ansiado e maravilhoso: o carimbo no caderno. SIM, eu amava o carimbo – uma Abelha que se podia pintar! E, na volta para a carteira, um loooooongo tempo para pintar a tal abelha (claro, com quase cinquenta crianças para sabatinar, eu poderia ter me tornado Rembrandt se tivesse algum talento...). Hora deliciosa. A cada dia uma novidade para colorir: Abelha, Escola, Igreja, Óculos, Uva. Até que ele chegou: o Cachorro. Lição fácil e o carimbo do cachorro. Uma graça, com o rabo enrolado no ar. Vamos pintar o cachorro. Dia seguinte: lição do cachorro. Vamos pintar o cachorro. Posso fazer manchinhas. Outro dia: lição do cachorro. Listrado. Mais um dia: lição do cachorro. Verde. Dia subsequente: lição do cachorro. Vou rabiscar. Vou abreviar o sofrimento dos meus dois leitores – oi, vocês dois, tudo bem? – 20o. dia: lição do cachorro. Eu espiando o carimbo, já enjoada. Onde será que a professora guardava os outros carimbos? Espichava o olho pela mesa ao repetir novamente as palavras decoradas, já nem acompanhava o dedo que apontava para elas na folha da cartilha. Ah, a professora só trazia para a aula o carimbo do dia... E no dia seguinte e no outro ainda, novamente ‘dia de cachorro’. Ai, meu Deus! Mas havia alguém com mais problemas do que eu. Muitos mais, aliás. Ela. A pobre garotinha que não conseguia ‘aprender’ a lição do cachorro. Seu lugar era lá no fundo. Cabelinho bonito, castanho, liso, repartido ao meio, preso atrás num coque. O rostinho assustado. - CLAUDIOLINDAAAAAAAAAAAAAA! VENHA JÁ AQUI. A professora gritava. A manhã inteira – ou o que me parece hoje que fosse a manhã inteira - ela gritava com a garotinha. A garotinha que não aprendia a lição do cachorro. À minha volta a miudagem se mexia e falava: por causa dela, da Claudiolinda, a gente não passava da lição do cachorro. Cachorro todo dia. Culpa dela. Seis anos e meu senso de justiça apareceu: a culpa não era da Claudiolinda, era daquela agressora com os dedos do pé enormes. Falei um vez só, nem falei, cochichei. Ganhei um beliscão da parceira de carteira. A tortura diária continuou: - CLAUDIOLINDAAAAAAAAAA! A coisa deveria ser intolerável para mim, uma vez que reclamei para os adultos (os mesmos que já tinham me avisado que NUNCA me dariam razão se eu arrumasse QUALQUER problema na escola). Lembro-me do rostinho em pânico da menina a cada vez que era gritado o seu nome. Não durou muitas semanas mais aquele suplício. Claudiolinda foi ‘remanejada’ sozinha para outra sala, passamos para a lição do Dado. A partir dali, a cartilha voou e os carimbos se multiplicaram. Em poucos dias a cota de gritos destinada primordialmente para a Claudiolinda foi redistribuída pelos demais alunos. Para mim sobrou uma fatia pequena: - SUSANAAAAAA, VOCÊ ESTÁ NO MUNDO DA LUUUUUUUA? VIVE SEMPRE NO MUNDO DA LUUUUUUUUUUA. NÃO É POSSÍVEL. SUSANAAAAAA! Dois anos inteiros. Inesperadamente, lá vinha. Assustava um pouco. Incomodava um pouco. Não muito. *************** Por anos, após ganhar alguma autonomia, eu perguntei pela Claudiolinda. Procurei, mas nunca consegui encontrá-la. Mudamos de cidade, inúmeras vezes mudei de escola. Continuei me mudando depois de adulta. Quando tive acesso à internet, sem saber ao certo como funcionava, buscar por informações de Claudiolinda foi das primeiras coisas que eu fiz. Até hoje não consegui encontrá-la, embora continue procurando. Então deixo aqui, no final desta crônica, um bilhete. Quem sabe um dia ele alcance a destinatária? ‘Claudiolinda, eu ainda não te encontrei. E em de 2015 faz 40 anos que a gente entrou no primeiro ano. Queria só dizer uma coisa: no primeiro dia em que aquela professora gritou com você, eu abaixei os olhos e prometi que eu não olhava mais na cara daquela agressora de crianças. E não olhei. Foi só o que eu achei que dava para fazer. Besta, né? Mas foi a única coisa que eu consegui fazer. Sempre que eu penso em você eu choro por aqueles maus tratos. Mas há, por trás das lágrimas, algo que me diz que, se eu te encontrasse, você poderia bem dar uma risada e dizer: ‘Que boba, você. Nem lembro do primeiro ano! Eu, hein?’. Espero muito - você nem calcula o quanto - que possa ser mesmo assim. Que aqueles berros não tenham feito mal a você e que a sua vida tenha sido linda e especial. Eu acabei ficando pela escola toda a minha vida e tenho sido feliz. E eu fiquei forte, hoje brigo de verdade com quem grita com crianças e não trata as pessoas do jeito que elas merecem: bem, muito bem. Pensando hoje na rudeza que era o cotidiano daquelas professoras, eu entendo a dificuldade diária: muitas crianças, nenhuma ajuda, tarefa enorme, salário baixo, vida dura. Entendo que o trabalho era muito difícil e manter a calma talvez fosse pedir demais. Minha cabeça entende, mas meu coração, esse, não entende nada e continua a querer saber se está tudo bem com você. Receba um abraço da sua colega de classe – aquela bem pequena, quieta, de cabelo enroladinho preso, de óculos, bota ortopédica preta, sentada na frente, dividindo carteira com a Márcia, a loirinha falante, Susana’

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Vida nova

Há dias recebi uma prova de livro e pus-me a ler para lá, ler para cá. Ao chegar à última página encontrei a minha biografia. Muitas vezes, ainda nas primeiras provas, a nossa biografia aparece preenchida por letras aleatórias, que estão ali só para computar os caracteres. Mas neste livro não. Ao lado do meu nome, estava uma biografia linda. Não era minha, mas era linda. Ao lado do meu nome, um novo ano de nascimento – eu ganharia alguns anos (o que me daria direito à aposentadoria de que tanto preciso); um local adorável de nascimento, no Rio Grande do Sul e, melhor que tudo, uma tia contadora de histórias que teria alegrado a minha infância (justo eu, cuja única tia detestava crianças em geral e a mim em particular). Que vontade que me deu de ter, não aquela vida, mas aquela linda biografia... De, pelo menos, pedir para a editora manter aquele texto ao lado do meu nome. Em tempo: não por acaso, o livro será sobre Fernando Pessoa. Nota: fiz uma cópia da página com minha vida nova, eu sei que vou precisar dela qualquer dia desses.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Na estrada

- Filha, você que é uma intelectual, me diga quais foram as invenções mais importantes para a humanidade? - Divórcio e sorvete, pai. Não necessariamente nessa ordem. Silêncio profundo. Profundíssimo. Suspiro. - Filha, eu estava falando sério! - Eu também pai. Mas hoje não consigo pensar no coletivo, só no campo individual mesmo. E de uma perspectiva feminista...

domingo, 24 de janeiro de 2016

Realidades do interlúdio

Dia de atividades intensas, o táxi se aproxima do portão na hora marcada. Já fico animada. Aperto a mão do motorista, senhor Guimarães (meu afeto por Rosa me dá uma piscadinha), me apresento. Ah, uma hora e meia de viagem para estudar e rever os temas da fala! Abro o ‘Ficções do Interlúdio’ de Fernando Pessoa e... pigarro. Pigarro? Sim, pigarro, do senhor Guimarães, que me olha pelo retrovisor: - Perdão mas, posso fazer uma pergunta? Naturalmente que pode... - A senhora é artista? Não, não sou artista. - Ah, sabe? É que ‘eles’ não costumam buscar qualquer pessoa, normalmente eu levo artistas. Quando eu não reconheci a senhora resolvi perguntar. Não sou artista não. - Mas o que a senhora faz deve interessar, né? Táxi é caro, daqui para lá são dois municípios e ‘eles’ não mandam buscar qualquer uma. A senhora faz o que? Sou professora de literatura. - Ahhhhhh! Silêncio profundo, profundo, profundo. ‘Ficções do interlúdio’, vamos lá, ‘Ela canta, pobre ceifeira’...pigarro. - Posso fazer uma pergunta? Naturalmente que pode... - Literatura é o que mesmo? Sim, a vida real me chama. Vamos lá, fecho o livro. Começo pela canção que está tocando no rádio (sim, um daqueles flagelos diários que me batem no fundo do ouvido e me maltratam o cérebro e o coração). Lá vou eu pela história que está sendo contada pela letra e blá, blá, blá. Me entusiasmo, ele também parece entusiasmado e vamos falando, falando... Eu pergunto sobre a escola, o que ele viu na escola, quando foi... vamos em prosa, vamos em poesia... - Ah, isso é literatura? Que bonito... e a senhora fala tão bem, tão gostoso. Mas, posso fazer uma pergunta? Claro que sim (estudar ficou para uma próxima oportunidade, lógico, ali está a vida real à minha frente). - A senhora ganha p’rá falar disso ou trabalha em troca de transporte e comida? ... (No mundo perfeito eu morreria nesse instante, mas bem...)

Cinco bons motivos...

1) O bem vence o mal; 2) A justiça pode tardar, mas não falha; 3) Por pior que seja seu começo de vida, tudo pode dar certo depois; 4) A bondade e a honestidade são sempre recompensadas; 5) Nem tudo é o que parece e uma coisa aparentemente sem valor pode ser simplesmente a chave da felicidade. (Cinco bons motivos para ler e contar contos de fadas)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

´De onde vem o português?´, selecionado para o Catálogo da FNLIJ para a Feira de Bologna. Que alegria! O catálogo completo pode ser baixado em www.fnlij.org.br - vale a pena ver a imagem de Brasil que a Fundação levará a Bologna neste 2016.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Mais uma imagem, mais um pouco sobre o novo livro

Mais uma imagem, leitura visual da Carla Irusta para o novo livro. Um ônibus-dragão, fumacento e engraçado, que leva uma garota de uma cidade para outra. Hoje escrevi um pequeno texto sobre mim para o livro. Por vezes uso um texto padrão, atualizado e com informações relevantes para o trabalho que vai sair mas, no mais das vezes escrevo uma nova minibiografia a cada vez, especialmente se o livro recebeu cuidado gráfico especial. É o caso deste livro: resultado de uma Bolsa de Criação Artística, a primeira que recebi na vida e que foi uma honra. No próximo post, mais um pouco sobre este trabalho tão bom de fazer.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Missa de sétimo dia - Gilberto Mendes

A missa foi bonita, mas dolorida. Missa de 7o. dia, quase só com os amigos daquele que partiu e foi um grande músico. Já tudo terminado, o pequeno grupo no jardim da igreja ensaiando despedidas, uma criança, a única presente ali, pegou a cestinha em que estiveram pétalas de rosas e pôs-se a cantar: ´Pela estrada afora eu vou bem sozinha...´ Não contive uma risada, da mais pura alegria diante da presença da vida, da música, dos contos de fadas, ali, depois de tudo. A queridinha devia ter cinco anos, se tanto. Criança muda tudo, música muda tudo. O grande músico se foi, nós estamos ainda um pouco e a música seguirá, sem nós, mas seguirá.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Nova York em maio

A Brasil em Mente (http://www.brasilemmente.org/) anunciou hoje a palestrante principal de sua próxima Conferência sobre o Ensino, Promoção e Manutenção do Português como Língua de Herança, que ocorrerá em maio de 2016 em Nova York e, para minha alegria, sou eu! Venho acompanhando o trabalho de excelência realizado pela Brasil em Mente há cerca de dois anos e conheci a Felicia Jennings-Winterle, que dirige a BEM, durante a Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Muitas conversas virtuais, alguns encontros em São Paulo, uma série de textos a cruzarem os ares nestes anos até que chegássemos ao dia de hoje. Há Em sua 3a. edição a Conferência gira em torno da questão "Quais são as heranças dessa herança?" e mais sobre o evento pode ser lido na chamada que está no link http://www.brasilemmente.org/conferecircncia-2016-plh-quais-satildeo-as-heranccedilas-dessa-heranccedila.html

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Um livro que começa a ficar pronto

Há várias fases do trabalho de escritora: do nascer de uma ideia ao deambular para falar sobre algum livro (às vezes anos depois de sua publicação, quando é preciso ir à estante, pegar seu exemplar de trabalho e voltar a ler, reencontrando-se com algum aspecto do livro ou com ele como um todo). Uma das fases mais emocionante é a chegada de provas de um novo livro. Há casas editoriais que ainda mandam provas em papel (eu acho uma delícia). E aquele maço de folhas vai e volta, marcado a lápis, depois a caneta, às vezes a várias cores, em idas e voltas. Na maior parte das vezes, no entanto, as provas são virtuais: o arquivo chega, para ser aberto e revelar surpresas. Houve um livro, o meu primeiro infantil, que eu não tive coragem de abrir sozinha. Apoderou-se de mim estranho medo. Telefonei a uma amiga, mandei-lhe uma cópia e juntas abrimos e vimos, cada qual em sua casa. Ontem chegaram provas e, com elas, a emoção de ver, pela primeira vez, em quatro cores, as ilustrações da Carla Irusta para o livro. E de ver o projeto gráfico proposto por outra fera, a querida Carla Arbex. E de enfrentar de outro jeito o texto que, há dois anos, começou a sair da minha cabeça e teve muitas etapas até chegar à sua forma final, em outubro de 2014. Para marcar este Dia de Reis, tão especial para mim, faço este post e divulgo uma das imagens criadas pela Carla Irusta. Outro dia eu conto mais, bem mais, sobre este próximo livro.